O Ato de Contar Histórias
“Quem abre os olhos,
lê o mundo.
Quem lê gosta de contar.
Lendo conhecemos um pouco
mais do que vemos.““.
Eliane Yunes[1] (1992)
A arte de contar histórias caminha com as mudanças provocadas pelas descobertas e com o deslocamento do homem durante toda sua existência neste planeta. Desde que o mundo é mundo, ou talvez, como começam os contos de fada, desde o tempo do “era uma vez...”, o ser humano conta histórias. Ou seja, ao longo do processo de civilização, seja como meio de transmissão de informações culturais básicas seja em estruturas mais elaboradas, o ato de contar fatos, e por tanto, se tornar portador de narrativas é algo bem antigo. Ele esta por trás da história oficial e não oficial, dos meios de comunicação, e em todo acúmulo de conhecimento adquiridos no decorrer dos tempos, apesar das diferenças culturais regionais.
É uma contradição maravilhosa cada ser único existente ser portador de conteúdos e ser sujeito ativo e passivo de histórias. Existem, sem dúvida, as diferenças regionais e as características singulares de cada sujeito e de cada época, mas certos sentimentos não são históricos e podem ser encontrados em diversas manifestações da vida cotidiana.
Além disso, de forma bem objetiva, a prática de contar histórias é uma atividade que “ensina” a escutar, o que parece que nos dias de hoje se tornou de menor valor. O ritmo frenético dos tempos atuais parece se contradizer com a tranqüilidade exigida por esse momento que se estabelece entre ouvinte e narrador.
Há também o exercício imaginário e a fantasia provocada pela palavra. Para isso, o narrador utiliza a capacidade que as histórias têm de provocar os sentimentos e as lembranças, que por sua vez, resultam das experiências do indivíduo inserido no social, que outro lado, constitui este sujeito único.
Ouvir histórias estimula a busca por novas fontes de histórias. Com isso está criada a relação dialética entre ouvir histórias, estimular a imaginação e a busca de novas histórias que podem ser encontradas em outros contadores, em livros, em filmes, em jornais, em uma peça de teatro, em uma viagem, numa exposição em um museu, em uma música.
“Escutar histórias é o início da aprendizagem para ser um leitor e ser leitor é ter todo um caminho de descobertas e de compreensão do mundo” (ABRAMOVICH, 2002).
Nesse sentido, o que é mais importante é “ensinar” o mecanismo de busca por histórias. Uma vez que uma pessoa, através de uma sessão de contadores de histórias consiga perceber nesta, um universo de novos conhecimentos e de melhor explicação para o mundo a sua volta, o objetivo do contador de histórias nesse contexto se faz atendido. Por tanto, ele seria um mediador que provoca no ouvinte para uma relação de prazer e identificação, ou até mesmo de rejeição e estranhamento, a determinado conteúdo.
A palavra dita nas histórias por ser retirada de livros, ou transmitida oralmente, não importa. Quando é retirada de um livro, por exemplo, sintetizam experiências que conseguiram ser registradas por um interlocutor (escritor/ autor) num meio físico. Que volta a ser dita por um meio oral ganhando assim novas leituras. É, sem dúvida, um recurso maravilhoso no estímulo ao prazer de ler, pois estabelece um mecanismo imaginário enriquecedor que torna a leitura de livros algo mais fluido, e lógico. É preciso que nossa mente, seja alimentada por histórias e por experiências de vida, que ajudarão a entender e a decifrar o que o texto escrito está dizendo. Quanto mais histórias e experiências culturais o leitor tem melhor será a sua leitura.
Ousamos dizer que, quanto mais experiências de vida social e cultural o sujeito tem, mais rica será sua capacidade de contar fatos. Não é à toa, que em muitas culturas, os idosos são considerados os conselheiros daquele grupo e são contadores de histórias “naturais”.
[1] Professora de Literatura da UERJ e da PUC e contadora de histórias do grupo Morandubetá.
“Quem abre os olhos,
lê o mundo.
Quem lê gosta de contar.
Lendo conhecemos um pouco
mais do que vemos.““.
Eliane Yunes[1] (1992)
A arte de contar histórias caminha com as mudanças provocadas pelas descobertas e com o deslocamento do homem durante toda sua existência neste planeta. Desde que o mundo é mundo, ou talvez, como começam os contos de fada, desde o tempo do “era uma vez...”, o ser humano conta histórias. Ou seja, ao longo do processo de civilização, seja como meio de transmissão de informações culturais básicas seja em estruturas mais elaboradas, o ato de contar fatos, e por tanto, se tornar portador de narrativas é algo bem antigo. Ele esta por trás da história oficial e não oficial, dos meios de comunicação, e em todo acúmulo de conhecimento adquiridos no decorrer dos tempos, apesar das diferenças culturais regionais.
É uma contradição maravilhosa cada ser único existente ser portador de conteúdos e ser sujeito ativo e passivo de histórias. Existem, sem dúvida, as diferenças regionais e as características singulares de cada sujeito e de cada época, mas certos sentimentos não são históricos e podem ser encontrados em diversas manifestações da vida cotidiana.
Além disso, de forma bem objetiva, a prática de contar histórias é uma atividade que “ensina” a escutar, o que parece que nos dias de hoje se tornou de menor valor. O ritmo frenético dos tempos atuais parece se contradizer com a tranqüilidade exigida por esse momento que se estabelece entre ouvinte e narrador.
Há também o exercício imaginário e a fantasia provocada pela palavra. Para isso, o narrador utiliza a capacidade que as histórias têm de provocar os sentimentos e as lembranças, que por sua vez, resultam das experiências do indivíduo inserido no social, que outro lado, constitui este sujeito único.
Ouvir histórias estimula a busca por novas fontes de histórias. Com isso está criada a relação dialética entre ouvir histórias, estimular a imaginação e a busca de novas histórias que podem ser encontradas em outros contadores, em livros, em filmes, em jornais, em uma peça de teatro, em uma viagem, numa exposição em um museu, em uma música.
“Escutar histórias é o início da aprendizagem para ser um leitor e ser leitor é ter todo um caminho de descobertas e de compreensão do mundo” (ABRAMOVICH, 2002).
Nesse sentido, o que é mais importante é “ensinar” o mecanismo de busca por histórias. Uma vez que uma pessoa, através de uma sessão de contadores de histórias consiga perceber nesta, um universo de novos conhecimentos e de melhor explicação para o mundo a sua volta, o objetivo do contador de histórias nesse contexto se faz atendido. Por tanto, ele seria um mediador que provoca no ouvinte para uma relação de prazer e identificação, ou até mesmo de rejeição e estranhamento, a determinado conteúdo.
A palavra dita nas histórias por ser retirada de livros, ou transmitida oralmente, não importa. Quando é retirada de um livro, por exemplo, sintetizam experiências que conseguiram ser registradas por um interlocutor (escritor/ autor) num meio físico. Que volta a ser dita por um meio oral ganhando assim novas leituras. É, sem dúvida, um recurso maravilhoso no estímulo ao prazer de ler, pois estabelece um mecanismo imaginário enriquecedor que torna a leitura de livros algo mais fluido, e lógico. É preciso que nossa mente, seja alimentada por histórias e por experiências de vida, que ajudarão a entender e a decifrar o que o texto escrito está dizendo. Quanto mais histórias e experiências culturais o leitor tem melhor será a sua leitura.
Ousamos dizer que, quanto mais experiências de vida social e cultural o sujeito tem, mais rica será sua capacidade de contar fatos. Não é à toa, que em muitas culturas, os idosos são considerados os conselheiros daquele grupo e são contadores de histórias “naturais”.
[1] Professora de Literatura da UERJ e da PUC e contadora de histórias do grupo Morandubetá.