segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Hoje seria o aniversário da minha avó Arminda que não se sabe se nasceu em 1903 ou 1904 pela dificuldade de precisão de registros no início do século passado. Por isso, estou republicando esse texto abaixo:


Até o início do século XX ainda era de acesso a poucos o mundo da leitura impressa. Como exemplo dessa realidade segue a história da minha avó. Nascida em Portugal no ano de 1903 numa região agrícola, de montanhas e de difícil acesso onde o estudo não era comum junto a população em geral. As mulheres, cuja educação se destinava exclusivamente para os trabalhos do lar e para ser esposa e mãe, eram proibidas pelos pais de estudar ou aprender a ler. Ela então fugia de casa para ter acesso ao mundo da leitura e do estudo que lhe era privado pelo pai e desaconselhado pela cultura dominante da região. O fruto dessa história é que a minha avó foi à única das suas irmãs de uma família numerosa que aprendeu a ler, a escrever e a fazer contas. E no entanto, minha avó era uma grande contadora de histórias. Com a intenção de me acalentar e de me deixar quieta, ela contava histórias para mim: da vinda dela de Portugal; da vida dela com meu avô; que nunca conheci e também de histórias bíblicas da vida do menino Jesus sobre a terra.
No Brasil há uma legião de analfabetos segundo os dados do IBGE no cenário urbano que é de cerca de 16 milhões e meio ainda hoje. Além desses, existe um número impreciso de analfabetos funcionais que são pessoas que “aprendem a ler” mas que não entendem o que lêem e por isso possuem uma relação quase que burocrática com a leitura. Normalmente são pessoas que vêem na leitura algo pesado, chato e cansativo.

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