quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ANIVERSÁRIO da MINHA AVÓ

Ontem foi aniversário da minha avó, que nasceu em Portugal, tras os montes em 03 de dezembro de 1904. Arminda, filha de camponeses que com 17 anos veio para o Brasil e aqui viveu desde então. Ela se foi em 6 de abril de 1996 e era uma pessoa de personalidade forte e inteligencia acima da média.
Lembro-me dela me contando histórias quando era criança. Eu era bem levada, e ela gostava de me contar a história de Jesus Cristo e histórias sobre o meu avô, que não conheci e de uma vida que se antecedeu ao meu nascimento. Acho que por influência daquela época é que hoje me tornei contadora de histórias e uma apaixonada por essa arte tão bonita.


Até o início do século XX ainda era de acesso a poucos o mundo da leitura impressa. Como exemplo dessa realidade segue a história da minha avó. Nascida em Portugal no ano de 1903 numa região agrícola, de montanhas e de difícil acesso onde o estudo não era comum junto a população em geral. As mulheres, cuja educação se destinava exclusivamente para os trabalhos do lar e para ser esposa e mãe, eram proibidas pelos pais de estudar ou aprender a ler. Ela então fugia de casa para ter acesso ao mundo da leitura e do estudo que lhe era privado pelo pai e desaconselhado pela cultura dominante da região. O fruto dessa história é que a minha avó foi à única das suas irmãs de uma família numerosa que aprendeu a ler, a escrever e a fazer contas. E no entanto, minha avó era uma grande contadora de histórias. Com a intenção de me acalentar e de me deixar quieta, ela contava histórias para mim: da vinda dela de Portugal; da vida dela com meu avô; que nunca conheci e também de histórias bíblicas da vida do menino Jesus sobre a terra.No Brasil há uma legião de analfabetos segundo os dados do IBGE no cenário urbano que é de cerca de 16 milhões e meio ainda hoje. Além desses, existe um número impreciso de analfabetos funcionais que são pessoas que “aprendem a ler” mas que não entendem o que lêem e por isso possuem uma relação quase que burocrática com a leitura. Normalmente são pessoas que vêem na leitura algo pesado, chato e cansativo

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