Ontem foi aniversário da minha avó, que nasceu em Portugal, tras os montes em 03 de dezembro de 1904. Arminda, filha de camponeses que com 17 anos veio para o Brasil e aqui viveu desde então. Ela se foi em 6 de abril de 1996 e era uma pessoa de personalidade forte e inteligencia acima da média.
Lembro-me dela me contando histórias quando era criança. Eu era bem levada, e ela gostava de me contar a história de Jesus Cristo e histórias sobre o meu avô, que não conheci e de uma vida que se antecedeu ao meu nascimento. Acho que por influência daquela época é que hoje me tornei contadora de histórias e uma apaixonada por essa arte tão bonita.
Até o início do século XX ainda era de acesso a poucos o mundo da leitura impressa. Como exemplo dessa realidade segue a história da minha avó. Nascida em Portugal no ano de 1903 numa região agrícola, de montanhas e de difícil acesso onde o estudo não era comum junto a população em geral. As mulheres, cuja educação se destinava exclusivamente para os trabalhos do lar e para ser esposa e mãe, eram proibidas pelos pais de estudar ou aprender a ler. Ela então fugia de casa para ter acesso ao mundo da leitura e do estudo que lhe era privado pelo pai e desaconselhado pela cultura dominante da região. O fruto dessa história é que a minha avó foi à única das suas irmãs de uma família numerosa que aprendeu a ler, a escrever e a fazer contas. E no entanto, minha avó era uma grande contadora de histórias. Com a intenção de me acalentar e de me deixar quieta, ela contava histórias para mim: da vinda dela de Portugal; da vida dela com meu avô; que nunca conheci e também de histórias bíblicas da vida do menino Jesus sobre a terra.No Brasil há uma legião de analfabetos segundo os dados do IBGE no cenário urbano que é de cerca de 16 milhões e meio ainda hoje. Além desses, existe um número impreciso de analfabetos funcionais que são pessoas que “aprendem a ler” mas que não entendem o que lêem e por isso possuem uma relação quase que burocrática com a leitura. Normalmente são pessoas que vêem na leitura algo pesado, chato e cansativo
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
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